Finansystech: um ano de inovação no Open Finance

Danillo Branco sempre foi inquieto. Com pouco mais de dezoito anos, conseguiu uma vaga de trainee dentro da maior organização bancária privada do país.

Por Arthur Ankerkrone, publicado originalmente no site Prensa.li

Danillo Branco sempre foi inquieto. Com pouco mais de dezoito anos, conseguiu uma vaga de trainee dentro da maior organização bancária privada do país. Direto no setor de tecnologia bancária. A integração entre informática e finanças o encantava. Mas tudo ainda era muito incipiente, e de certo modo, burocrático.

Algum tempo depois, migrou para outra instituição financeira, ligada a um grupo europeu. O foco agora era o crédito ao consumidor. Com a experiência adquirida na organização anterior, Danillo logo tornou-se responsável pelo time de integração de sistemas.

O ano era 2019. Num Brasil em transição política, num mundo que ainda não tinha ideia das imensas mudanças que estavam a caminho, foram abertas as primeiras consultas públicas sobre a implantação dos sistemas de Open Banking. Algo que permitiria mais liberdade nas movimentações financeiras, sem virar terra de ninguém.

Danillo, representando a instituição, foi um dos primeiros a compor os Grupos de Trabalho. Os planos foram evoluindo, aproximava-se o tempo da implantação, e em 2021, passou a integrar o grupo de Arquitetura da Informação.

Foi aí que percebeu um detalhe, que passaria incólume por muita gente: o tal Open Banking era planejado para diminuir a assimetria operacional entre as diversas instituições financeiras do país; mas o tamanho das exigências e regulamentações para a homologação tornava a implantação uma tarefa impraticável para as instituições de pequeno porte. Em vez de zerar a assimetria, abriria outro abismo.

Danillo enxergou a oportunidade. Depois de conversar com alguns amigos, pediu demissão e resolveu caminhar por conta própria. Com três sócios, fundou em junho de 2021 a Finansystech, startup criada para ser a ponte de integração entre empresas financeiras de menor porte e o mundo do open finance.

Novo conceito, nova realidade

Danillo não entrou na sociedade apenas com a vontade. Enquanto Diogo, Rogério e Wesley entraram com a tecnologia base, ele chegou com o conhecimento: todo o expertise conquistado em anos à frente da gestão da integração de finanças e tecnologia.

Com planos bem definidos, a Finansystech cresceu depressa, e além do previsto: financeiras de porte maior, como a XP e o Sicoob, já integram a carteira de clientes. Graças a experiências anteriores de Danillo, a empresa ganhou um diferencial: empatia. É a única das players de seu segmento a ter o conhecimento da vivência e necessidades das instituições financeiras. Não enxerga apenas seu lado de prestadora de serviços, mas conhece e antecipa os problemas reais dos clientes.

Isto deu a capacidade da Finansystech entender que cada instituição financeira é única em suas características. Por isso, não oferece pacotes de serviço padronizados. Suas soluções são adaptáveis ao tamanho e necessidades específicas de cada cliente.

Um exemplo disso está no BrickBank, lançado na Azure, plataforma de marketplace da Microsoft. Ali, a instituição financeira pode adquirir soluções modulares – e complementares – podendo firmar o pé dentro do mundo do Open Banking, tranquilamente em menos

de um mês.

De fora para dentro

Ao lançar a Finansystech, Danillo e seus sócios perceberam um ponto crítico no mercado financeiro nacional: os chamados desbancarizados, parcela respeitável da população formada por autônomos, ambulantes, e pessoas que já tiveram relacionamentos complicados com instituições bancárias tradicionais.

Um grupo plenamente desprezado pelos bancos, formado por nada menos que 34 milhões de brasileiros. Gente que ainda se sente mais à vontade usando a “caderneta de fiado”, tão comum nas mercearias do interior do país décadas atrás.

Esse desprezo pode custar caro, ou pelo menos não se transformar em dividendos. Para se ter uma ideia, este mercado informal movimenta a bagatela de 817 bilhões de reais por ano. Bilhões. Fora dos bancos. Montante que cairia como uma luva para organizações financeiras de menor porte.

São justamente estas instituições que estão na mira da Finansystech, que as capacita

para travar um relacionamento preciso e uma relação de confiança com estes pequenos

(mas nada desprezíveis) clientes. Transformando-os de trabalhadores informais em empreendedores.

A pandemia da Covid-19 demonstrou de modo inédito a necessidade desta operação para este público específico, e acabou abrindo os olhos de muitos potenciais clientes da Finansystech.

Danillo observou que para realizar o pagamento de compensações sociais no período, a Caixa Econômica Federal, geralmente avessa à quebra de paradigma, viu-se na necessidade de transformar um enorme número de desbancarizados em sub-bancarizados. Milhões passaram a ter contas bancárias na instituição de uma hora para a outra.

O problema é que a Caixa não estava preparada para uma operação tão grande em tão pouco tempo, e até hoje sofre para equalizar o atendimento e as movimentações. Para ajudar, seu sistema de autoatendimento é um tanto burocrático e pouco intuitivo. Coisa contornada gradativamente caso aplicasse serviços específicos de Open Finance.

Trabalho diferente

A pandemia, por sinal, marcou de forma ímpar o primeiro ano da Finansystech. Nascida no período mais crítico, precisou de esforço extra para se destacar no mercado, já que seus representantes estavam impedidos de fazer o contato direto, o famoso tête-à-tête na prospecção de clientes.

Em compensação, as necessidades já fizeram a empresa crescer alinhada com a realidade do home office. Hoje em dia, grande parte dos funcionários está espalhada por todo o país. Segundo Danillo, não há a necessidade da equipe ficar confinada dentro de um mesmo espaço. O que importa é que estejam em sintonia com o ritmo da empresa, descobrindo e cultivando o senso de pertencimento.

Porém, se engana quem pensa que a equipe tem preferido trocar o escritório da empresa pelo conforto do lar. No momento, boa parte dos 34 funcionários fazem questão de frequentar o espaço físico da empresa, na capital paulista, que via de regra não foi projetado para comportar tanta gente.

Em janeiro de 2022, essa permanência foi posta à prova: com vários casos simultâneos de doenças respiratórias entre os funcionários, a direção da Finansystech achou mais lógico mandar todos de volta para casa até segunda ordem, decretando um mini-lockdown. Pouco tempo depois, todo mundo estava de volta, querendo participar da mini-aglomeração.

Open market com jeitinho brasileiro

Chega a ser um tanto irônico, em um momento onde o país atravessa uma crise financeira delicada, uma startup nacional colocar o Brasil na linha de frente da tecnologia de prestação de serviços financeiros. Mas esta é a realidade.

Graças à ação da Finansystech (que não se restringe apenas ao nosso território, que fique bem claro), o país é referência em open finance, e caminha para se tornar referência no mercado aberto como um todo.

Algumas posições estratégicas influenciam positivamente esse destaque: com poucos meses de atividade, a empresa patrocinou o principal evento mundial de open finance, o Open Banking World 2022, em maio; exibindo sua marca e suas propostas para um público extremamente especializado, a Finansystech mostrou ao que veio. Novamente, soube usar a oportunidade como ninguém.

No mesmo evento, ainda demonstrou sua preocupação social e a vanguarda no modo de pensar e agir: lançou o projeto I AM, em parceria com o Open Future World, promovendo a neutralização das emissões de carbono durante o evento, combinando arte, tecnologia e meio ambiente.

Valor além do financeiro

Depois de um ano de sucesso da Finansystech, colecionando alguns prêmios setoriais na bagagem, Danillo sabe onde acertou e faz algumas constatações. A primeira é que as empresas precisam tomar cuidado extra com as finanças. A falta de planejamento, e o costume de confiar mais no instinto do que em ferramentas disponíveis no mercado, faz correr riscos desnecessários.

A segunda, também bastante preocupante, é que o brasileiro não sabe investir. Existe muito dinheiro parado na poupança, rendendo muito menos do que poderia. Para ser mais exato, um trilhão de reais estagnados. Coisa que seria muito diferente com o uso dos recursos certos e do conhecimento disponível.

Outra observação diz respeito a não ceder às pressões do mercado para conseguir lucro fácil. Foi esse comportamento que possibilitou à Finansystech se erguer sobre bases sólidas. Segundo ele, qualquer empresa, qualquer pessoa, precisa manter seus valores, sob quaisquer circunstâncias.

E aqui, Danillo destaca a principal característica da Finansystech: ajudar as pessoas. Eventualmente, a empresa deixa de ganhar mais, para prover uma solução eficientemente assertiva. Pode não ganhar em um primeiro momento, mas o retorno vem. Em reconhecimento, e credibilidade. E isso faz toda a diferença.

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